sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não passes caminhante, que pisas em mim e nem percebes! Não toques descuidado! As coisas caem o tempo todo e nem se quer podes senti-lo. Mas diz, como te chamas? Foi uma memória que te trouxe aqui? A falta de alguma coisa? Um som nunca antes ouvido? Procuras algo? Conhecido ou desconhecido? Quem pode ser assim tão... ? A teus olhos faltam algo. O que é? Deixa ver. É sabido. Não tens a linha do coração. Olhos bonitos. Formosos. Na tua idade não se precisa de céu. As coisas caem e nem estás para ver. É correnteza forte. Não se volta com pressa. Nada muda. Impassível ai, como um surdo contemplativo. Mas aqui não passas. Aqui é o fim. O frio que vai na direção do norte. Mas e então? Era o que esperavas? Para onde ir agora? O silêncio aqui é cheio de vento. A curva da rua leva para trás de você. Poderias acender um cigarro. Mas eu sei, nada a fazer. Diz caminhante, o que pensas agora? Esquecestes alguma coisa nos lugares de antes? O que foi perdido? Te lembras? As coisas estão confusas. Os bolsos vazios da calça não trazem nada. Não há imagens de crianças brincando na praça em frente a casa. Não há mulher nenhuma te esperando. O frio no corpo inteiro. É como as coisas são. Cada lugar tem seus destinos. Cada passo que deu serviu para chegar onde não conhecias. Há flores por todos os lados, mas não tem volume a voz da tua memória. O teu silêncio diz dos teus bolsos vazios. O corpo na parede, a cabeça para trás.